sexta-feira, 16 de março de 2012

Projeto Ecocalçado desenvolve calçado com menos impacto ambiental

A cada dia que passa mais pessoas se conscientizam da importância de se viver em um planeta mais sustentável, tomando atitudes e mudando hábitos para que isso aconteça. E você, o que acha sobre este assunto tão comentado nos dias atuais?


A notícia de que 86% dos resíduos sólidos da indústria calçadista da região de Novo Hamburgo eram da classe mais perigosa não caiu bem no Centro Tecnológico do Calçado/Senai no município. A pesquisa da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), do final dos anos 90, também trazia a informação que 44% desses resíduos não tinham seu destino informado o que era ainda mais preocupante para a pesquisadora Carmen Serrano. A partir desses dados, o centro começou a pensar em como reduzir o impacto do produto que movimenta o Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul, um dos polos nacionais da indústria calçadista.
Assim, iniciou-se o projeto do Ecocalçado, lançado em escala industrial com as empresas Divalesi, Paulina e Ricarelly. A iniciativa foi apresentada durante a 10ª Conferência da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) (veja na página ao lado). Para os pesquisadores era preciso ir além da preocupação com os resíduos. Alterar o ciclo de produção do calçado, buscando matérias-primas mais adequadas, foi a aposta.


Ancorado em padrões internacionais de qualidade, o Ecocalçado segue a Decisión de La Comisión – que, em 2002, fixou critérios para a produção dos sapatos ecológicos na União Europeia. As normas ISO 14000, voltadas para a qualidade ambiental, também estabelecem a eliminação dos resíduos da classe 1 – considerados tóxicos, corrosivos e perigosos ao homem e ao ambiente – e a troca de substâncias tidas como restritivas por outras com eficiência equivalente. Metais pesados como o cromo, responsável por grande parte do processo de curtição do couro, e outros como chumbo e ácido sulfúrico foram substituídos por compostos de origem vegetal, que estão na classe 2, de menor impacto. Química e doutora em Engenharia de Materiais pela UFRGS, Carmen afirma que a eliminação de substâncias da classe 1 é fundamental para que haja o controle do ciclo de vida do calçado.


O desafio enfrentado pelos pesquisadores, portanto, foi buscar alternativas para o couro e a borracha usados na produção dos sapatos. As substâncias restritivas são, em sua maioria, responsáveis pela pigmentação e, consequentemente, pela possibilidade de uma extensa cartela de cores. Além disso, a nova tecnologia deveria prever uma produção em escala industrial.


Após dois anos fazendo e refazendo testes, os pesquisadores do Centro Tecnológico do Calçado criaram laços com uma rede alternativa de fornecedores e, junto a industriais da região, apresentaram uma alternativa para aqueles que se preocupam não só com o lugar onde pisam, mas com o quê pisam nele.


Fonte: Zero Hora

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